Ás vezes ouço comentar que existem pessoas na vida que viveram fora do seu tempo... Eu diria mais que existem pessoas, poucas, mas verdadeiramente geniais, que são simplesmente intemporais...
Um dessas pessoas, um grande português, que para além de intemporal, morreu claramente cedo de mais foi Francisco Sá Carneiro! Quem quiser dedicar-se a ler os seus textos, ideias e ideais, pensamentos, irá observar que estes se mantêm hoje tão actuais como há 30 anos atrás. Sugiro um livro, que ofereceram há uns anos à minha irmã, "Pensamentos de Sá Carneiro" de Antónia Pires de Almeida.
A investigação sobre a sua morte, é no meu entender uma das mais tristes "novelas" da história Portuguesa. Estava eu em Nova Iorque, quando fez 50 anos sobre a morte de Jonh F. Kennedy, e os americanos (numa história de conspiração, tipicamente à americana) ainda se interrogam sobre os verdadeiros motivos por de trás da morte de Kennedy, tendo sido até publicado um livro de investigação sobre a própria investigação da sua morte! Mas pelo menos sabem que foi assassinado e quem disparou a arma....
E nós, portugueses, que temos e sabemos acerca da morte de Sá Carneiro? Verdadeiramente nada!
Ao pensar nesta tragédia, não consigo deixar de verificar que diferentes instituições públicas andam a ter papéis trocados na nossa sociedade...Vejo hoje os tribunais, principalmente o internacionalmente famoso Tribunal Constitucional, a tomar posições políticas... E depois vejo a morte de Sá Carneiro ser discutida, e mais discutida, em intermináveis Comissões de inquérito parlamentar, que nunca levam a nenhuma conclusão!
Mas quem é Grande, tem esta fabulosa capacidade de se manter vivo para todo sempre...
Deixo duas citações de Francisco Sá Carneiro, a primeira dedico a todos aqueles que convivem com o meu enorme mau feitio, e a segunda dedico a todos aqueles que adoram criticar tudo que é relacionado com a política, em particular os políticos ( como se estes não fossem pessoas comuns e o espelho da nossa sociedade):
--> "Dizem que sou intratável, instável. Já sei tudo que se disse. O que é que quer que eu faça? O que eu sou é directo! E determinado!"
--> "A intervenção activa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da actuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas. Trata-se, portanto, de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar de corresponder."
Por fim a minha homenagem Eusébio, que enalteceu o nome de Portugal, e as minhas mais sinceras condolências à sua família.
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