Na passada 2ªFeira, estava eu no elevador do hospital, ainda
com um olho fechado de sono, por causa da urgência de domingo, e uma utente
olhava para o recibo das taxas moderadoras e dizia repetidamente... “Isto
sinceramente, isto sinceramente!!!”.
Sinceramente, digo eu, por não ter tido a oportunidade de
ver e ler o recibo, e poder explicar à
Sra. Utente indignada, o valor real dos serviços que lhe estavam a ser cobrados
sob a forma de taxa moderado...
Nos últimos tempos tanto se tem falado em Estado Social, em
reforma do Estado Social, em cortes na despesa do Estado, ou no aumento do
lucro do Estado (com consequente aumentos nos impostos)... Mas não querendo
hoje já falar daquilo que para mim deveria ser o Estado Social (e eu, neoliberal
me confesso), acho que com a convulsão social que a Crise e a Troika trouxeram à
nossa sociedade, torna-se imperativo explicar, especificando mesmo, aos
cidadãos qual é o preço real que custa ao estado o serviço prestado,
e no final comparar com o valor que é cobrado. A diferença entre o valor que
custa ao estado e o valor que o cidadão paga, são os encargos que caem todos
dentro do saco do dito Estado Social.
No caso da Saúde, sugiro que copiem os recibos que são
entregues aos doentes nos Hospitais Privados, em que tem o valor de cada
material gasto ou serviço realizado (valor real), tudo descrito ao pormenor...
E depois no fim, colocava-se o valor da taxa moderadora... E poderia ser que
assim deixássemos de ouvir os queixumes dos “isto sinceramente....”....
Eu digo, isto sinceramente, é não pagar impostos (ou seja,
receber e não declarar ao estado), é trabalhar, não pagar impostos e
ainda receber subsídio de desemprego, é cobrar IVA e não entregar o valor ao
estado (daí a importância de se pedir sempre factura) .... É que tudo isto
seriam valores que não pesariam no mesmo saco do dito Estado Social, e talvez
assim fosse possível oferecer serviços mais baratos aos cidadãos, ou até cobrar
menos impostos a todos!
Deixo por fim uma fotografia que me chocou particularmente,
apareceu numa reportagem da televisão logo nas primeiras manifestações
anti-troika.
Senhores e Senhoras, não podemos exigir ter os mesmos serviços
por exemplo dos nossos vizinhos nórdicos, quando depois não queremos cumprir
com as nossas obrigações, da forma que eles exaustivamente fazem... Dizem que
lá por aquelas terras, um vizinho que descubra que o outro não cumpre com as
suas obrigações fiscais denuncia….
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