Num país de brando costumes como o nosso, existem temas que preferimos não discutir, simplesmente não falar. Mas a ausência de debate não impede que o problema aí esteja...
A questão da adopção e co-adopção por casais homossexuais deve ser um debate aberto na sociedade e não uma questão política ou de cor partidária. Eu própria há uns anos tinha uma opinião ( talvez preconceituosa) e neste momento, se o referendo for mesmo à frente vou votar sim.
Infelizmente não consegui acompanhar o debate da assembleia, e nas notícias, pelo menos do que vi, só se falou na votação em si e das guerras em torno da votação (já para não dizer que os telejornais optaram por dedicar mais tempo ao granizo que pintou a capital de branco)!
Acho sinceramente que foi um triste dia na Assembleia da República, aproveitado pelos órgãos de comunicação social para fazer politiquice mais do que uma discussão política séria.
Concordando ou não com a proposta, acho que a JSD esteve bem em trazer o assunto a debate, pena que se tenha perdido a oportunidade da realização de fazer um debate sério.
A esquerda votou contra em peso, porque por ser uma medida de bandeira de campanha, não queriam o referendo. Claro, excepto uns deputados do PS que se abstiveram, não porque concordam ou não com o referendo, mas simplesmente porque não concordam com a adopção ou co-adopção.
No lado da direita, o CDS-PP, também se absteve,porque mesmo não concordando, não quiseram votar contra uma medida do partido da coligação. O PSD esteve mal, muito mal a pedir a disciplina de voto.
Sendo uma questão que transcende orientação políticas, o rumo do debate não deveria ter sido este (muito embora alguns jornalista ainda tenham questionado se a coligação não estava mais fraca...vá se lá saber porque ?!?)...
Relativamente às associações homossexuais que se manifestaram na Assembleia da República, acho que estiveram mal, muito mal... Não é preferível um referendo a nada?!?
Ao contrário das declarações de uma deputada do PS, não acho que houve falta de democracia, o que existiu foi a vontade de ser politicamente correcto, quando de facto não havia necessidade.
Louvável mesmo a posição de Teresa Leal Cardoso, bem como outros deputados do PSD, como Miguel Fransquilho, Monica Ferro, Luis Menezes, Francisca Almeida, Carina Oliveira, e da deputada do CDS-PP, Teresa Caeiro, que mesmo respeitando a disciplina de voto, não se calaram.
Em relação à co-adopção acho ser uma questão de direito, que deve ser votada em Assembleia da República, não fazendo qualquer sentido referenciar o assunto. Relativamente à adopção em si, talvez faça algum sentido recorrer ao referendo,na minha modesta opinião, claro.