terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Praxes... O balanço entre liberdade e libertinagem....

Tendo como ponto de partida as declarações que uma jornalista fez ontem num debate sobre praxes em horário nobre num canal de televisão, vou hoje falar sobre liberdade e libertinagem. Sim, é verdade, são dois conceitos que embora possam parecer ser semelhantes, são na realidade bastantes diferentes e antagónicos!
Assim, por liberdade compreende-se o direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem. E por seu lado por libertinagem compreende-se o uso da liberdade, sem o uso do bom senso, ou seja, poder proceder-se conforme nos pareça, independentemente do direito de outrem!
Nasci na liberdade, e sempre vivi em liberdade, por isso teria grande dificuldade em reflectir viver de uma outra maneira que não em liberdade. Mas isto não me impede de acreditar que para a correta vivência na sociedade tenham que existir regras de convivência, sendo que estas devem  assentar  para além de princípios morais e de formação, na existência de uma hierarquia. Não se assustem por favor, e não confundam a existência de hierarquia com ditadura, pois são também conceitos muito diferentes!
Pode existir hierarquia e haver na mesma liberdade, tudo depende do respeito mútuo entre os diferentes intervenientes, e aqui volto a cair no conceito de educação, formação, comunhão de princípios e valores. Não acredito numa outra organização de sociedade, sem ser esta baseada numa comunhão de valores, que por sua vez permitirá uma formação sólida de uma personalidade individual e colectiva. E tudo isto começa logo no início, ou seja, no ambiente familiar, também este baseado numa hierarquia e numa saudável convivência entre pessoas!
Sou claramente a favor das praxes, das queimas das fitas e todas as tradições académicas! Mas também aqui, devem existir valores e princípios, que permitam a não existência de abusos na pirâmide da hierarquia! E principalmente, quem é praxado, deve trazer de bagagem uma sólida formação e personalidade, que lhe permita separar o trigo do joio!
Não sei se as praxes, e limites das praxes, deveriam ou não passar a estar presentes nos estatutos das faculdades, universidades, mas claramente acredito que este não deva ser um assunto de estado, e discutido e re-discutido em reuniões no Ministério da Educação! E mais uma vez, práticas de crime, resolvem-se em tribunais e não em discussões filosóficas que não levam a lado nenhum!
Sinceramente, os abusos das praxes e outros abusos praticados nesta nossa sociedade, baseiam-se numa prática colectiva de libertinagem, sendo esta praticada em nome de um falso conceito de liberdade! Tudo se resume a uma necessidade urgente de mudança de mentalidades, através de uma formação individual e colectiva baseada em princípios e valores morais! De outra forma, podemos discutir e re-discutir o assunto vezes sem conta, podemos até legislar a matéria, mas o verdadeiro cerne da questão, estará sempre presente e sem qualquer solução!
Tive a sorte de ter uma praxe, que serviu para nos integrar a todos os caloiros no novo ambiente, que era a faculdade! Praxe esta na qual não houve qualquer abuso! Tenho saudades desses tempos, confesso! 
Relativamente ao caso que trouxe à praça pública a discussão da temática, para além de lamentar muito as vidas perdidas, deixo só uma questão para por a todos pensar - que culpa tem a instituição faculdade/universidade em actos praticados fora da instituição, fora do horário da instituição e onde todos intervenientes participaram de livre vontade, e com conhecimento dos pais?

Até breve....

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