No dia em que o Tribunal Administrativo do Porto aceitou a providência cautelar interposta pela Fenprof para suspender a prova de capacidades e conhecimentos dos docentes contratados com menos de cinco anos de serviço, vou optar por falar de educação!
Vou falar, sem fazer qualquer comentário ou julgamento de valores sobre a decisão deste tribunal ou de um qualquer outro tribunal (nomeadamente as decisões do tão internacionalmente famoso Tribunal Constitucional), pois simplesmente não tenho qualquer formação na área de direito para poder opinar sobre este assunto (gostaria tanto que tantos "treinadores de bancada opinativos" tivessem também o bom senso de não opinar sobre assuntos que simplesmente não dominam!). Mas aqui entre nós, os grandes opositores a qualquer reforma que este governo tente levar a cabo têm sido, bem ou mal, não quero aqui julgar isso, os tribunais... Ainda hoje soube sobre outra providência cautelar interposta aos concursos médicos a decorrer...
Mas nestas coisas de justiça, só gostaria de saber um pouco mais de leis, para perceber o porquê de uma mesma providência cautelar ser chumbada num tribunal e aceite noutro...Um dos meus enigmas por resolver...
Mas voltando ao tema educação, também não vou hoje falar sobre a famosa prova de avaliação de capacidades e conhecimentos dos docentes contratos...
Vou falar de educação em geral, e principalmente de educação para cidadania. Com o investimento feito na educação nos últimos anos, com o aumento da escolaridade obrigatório para os 18anos, com um acesso praticamente alargado a cursos superiores, não seria de esperar ver aumentada o grau de educação para cidadania da nossa população em geral?
Poderei estar muito errada, mas não é isto que vejo diariamente… A grande maioria da nossa população, pode ter o décimo segundo ano de escolaridade obrigatória, mas não consegue perceber, interpretar as indicações para um determinado procedimento, não consegue cumprir as indicações escritas num determinado documento! Sei que me arrisco a ser apelidada de elitista snob intelectual.... Mas isto é algo que realmente me preocupa, numa altura como a actual, em que o paradigma de uma toda a sociedade está claramente em mudança!
Recuso-me a aceitar que a grande maioria da população portuguesa sofra de iliteracia, apenas julgo, que todos os pensadores de educação deveriam reflectir um pouco, e de forma séria e construtiva sobre esta problemática....
Como propostas pessoais, na tentativa de resolução do problema, em vez de aumentar mais a escolaridade obrigatória, tentaria que esta começasse mais cedo, logo a partir dos 3 anos de idade. Criaria programas obrigatórios de desenvolvimento de aptidões e competências sociais e criativas, desenvolvimento de uma raciocínio lógico, logo desde a educação pre-escolar! Para quem não sabe, a minha mãe é educadora de infância, umas das primeiras formadas para tal em Portugal, e sinceramente a quem todos os dias agradeço toda a educação e formação que me deu (sem embora me esquecer das "secas" que em criança tive ao preencher aqueles cadernos com jogos de lógicas, quando o que eu queria era brincar... Mas como em tudo na vida, hoje, passados tantos anos compreendo a importância que isso teve no meu desenvolvimento)!
Após a pre-primaria, não sabendo bem qual seria a melhora altura para a iniciar, criaria uma disciplina de educação para a cidadania, com conteúdos simples de procedimentos que qualquer cidadão deve saber, até por exemplo ensinar a Constituição Portuguesa (assim talvez todos pudéssemos comentar as decisões do famoso tribunal constitucional)! Não esquecer a importância da Educação para a Saúde, da importância que tem cada cidadão saber as doenças que tem, os medicamentos que toma e as alergias que tem (quem não conseguir decorar, pode sempre escrever num papel)...
Não temos qualquer necessidade de ser um país de doutores e engenheiros, não temos que ser um país de génios, mas temos que ser um país de pessoas comuns, bem formadas!
E voltando ao conceito de um novo paradigma, aos docentes universitários, nas quais me incluo, cabe-nos explicar aos nossos estudantes a aceitar a dura realidade que já não há empregos para todo o sempre, nem para toda a gente... Mas sem dramatizar prepara-los para este novo mundo, estimulando-os a estarem preparados para qualquer oportunidade, e acima de tudo saberem criar as suas próprias oportunidades!
Até breve...